domingo, 31 de dezembro de 2017

Para não estourarem logo comigo

Mesmo quando queimarem os ocos
De ar difícil
Os tempos seguirão loucos
Neste reinício
Convencionado como dois mil e dezoito
Para não estourarem logo comigo
Solto os fogos e os focos
Talvez eu fique longe dos lucros sub-reptícios
E dos felizes danos novos
Nos outros anos também disse isso.

sábado, 30 de dezembro de 2017

Datas e palavras

Trinta e um de dezembro
Primeiro de janeiro
Se bem que me lembro
São só datas
Vizinhas no calendário
Sol, chuva, vento,
Pedra, limoeiro
Quando não invento
São apenas palavras
Coisas de vocabulário.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

A luta

Para não ser mais nunca
Idiota
Para transformar a fúria
Em revolta
Resolveu até a luta
Ficar não só aparentemente nova
Ela se apruma
Em cada segundo das horas
Para não ser minguante
O mundo e as pessoas
Dão falsos brilhantes
E verdadeiras voltas
A luta está cheia da enchente
Desta inércia toda
A luta será crescente
Porque a fase está foda.

domingo, 17 de dezembro de 2017

O rádio

O rádio avisa
Visibilidade baixa
Mentalidade fora da caixa
O rádio noticia
A chegada da ressaca
Ondas nada fracas
E quem se sintoniza
Com o que se passa
Na alma, na praça?
Quem está à deriva
Não atraca
No caos e se atrasa.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Dias líquidos, minutos secos

Nestes dias líquidos
A solidão fica mais sólida
Do que longínqua
É a goma de mascar na sola
Do sapato lívido
De medo por não pisar na lógica
Do discurso cínico
Por não fechar as portas da loja
Diante do feriado cívico
Nestes minutos secos
De empatia e de humanidade
Ao longo deste atual século
É preciso extinguir a saudade
Da foto, do corpo, do selo
Para estampar uma nova idade
Antes que derreta o gelo
Do copo vazio e das grades
Impostas ao cerebelo
O sol solicita
Menos obscurantismo
A qualquer hora do dia
Que dança na beira do abismo
A rigor, roga
Por gentileza, por favor,
Pela volta daquela coisa em voga
Chamada amor.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Mesmo que se diga quanto

A melhor hora do desconto
É quando não compro
Mesmo que se diga quanto
Penso em feijão ao comer guando
Tamanha é a crise
Que lá pelas tantas se define
A cor nestes dias que geral pede
Ao mercado a tintura
De black para red
Friday, você não imagina a penúria