quinta-feira, 29 de junho de 2017

Roleta russa

A quem não sua
Devido ao inverno
Vai de medo às ruas
Vendido inferno
Roleta russa
Retorno incerto
Para que eu suma
Basta um livro aberto.



domingo, 18 de junho de 2017

Nome, sobrenome e sangue


O amigo da adolescência
Que viajava comigo
Sexta, sábado e domingo
Agora é um fascista exemplar

Naturalmente não sou mais
O mesmo de anos atrás
Mas mantenho nome, sobrenome e sangue
E também não participo
Deste cinismo estabelecido
Pelos membros da gangue

O graduando de Letras
Que escrevia poesias
Hoje em dia
É policial militar.



sábado, 17 de junho de 2017

A fragrância

A fragrância
Que se chama
Lembranças
Da infância
Aconselha que nenhuma criança
Fique ao seu alcance
Até porque não há chance
A qualquer infante
De recordar que está neste instante
O presente arde em chamas
O cheiro de queimado é constante
Vence o do desodorante.



sábado, 3 de junho de 2017

Os fantasmas

Os fantasmas do passado
Andam lado a lado
Com os do presente
Não mais me assusto
Com seus olhares soturnos
Contudo, não fico indiferente
Ao nos sentarmos juntos
À fogueira de junho
Pensando num futuro referente
Aos desejos realizados
Aos medos afugentados
Pela mudança da lente.





sexta-feira, 2 de junho de 2017

Nenhum direito a menos às vidraças

Nenhum direito a menos às vidraças
Vândalos são os que depredam os nossos direitos
Com o futuro embaçado,
As vidraças estão aos pedaços
O povo está vidrado
Nas Diretas Já
Cada pessoa é uma substância inorgânica, homogênea e amorfa, obtida
Através do resfriamento de uma massa líquida
À base de sílica
A dignidade do povo é o patrimônio
Mais alvejado pelos vândalos.
Quedê a comissão dos direitos
Das vidraças?
As vidraças respiram por ajuda de aparelhos.
As vidraças feridas aguardam
Doações de sangue.
Sem salários há tempos,
As vidraças avisam que estão quebradas.