terça-feira, 22 de março de 2016

De todos os absurdos exibidos nos dramatúrgicos noticiários

Estou de luto
E preocupado:
Muitos dos meus amigos e parentes
Estão perigosamente cegos e surdos
Ao golpe frio, midiático e judiciário

Contudo, ainda luto
E, em absoluto, não me calo
Anos de estudos me defendem
De todos os absurdos
Exibidos nos dramatúrgicos noticiários.

O que apoio é tudo
O que está ao lado
Da nossa terra, da nossa gente,
Semente para um futuro
Mais frutífero do que incendiário.





segunda-feira, 21 de março de 2016

Eu não te odeio

Mesmo que não penses
O mesmo que penso
Posso te dizer sempre:
Eu não te odeio

Nem sou teu inimigo
Embora não sejas
Parte do meu círculo
De amizades e cervejas

Reconheço que futebol
Política e religião
São temas espinhosos por si só:
Cada paixão tem a sua ração

Porém, a partir do momento
Em que ferem o coletivo,
Preciso expor meu pensamento
Assim como respiro

Ainda que não sigas
Ao meu lado neste passeio
Chamado de vida
Acredita: eu não te odeio.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Cem destinos

Não fique batendo
A cabeça na parede
Para abrir caminhos
E repetir discursos

Não perca seu tempo
Assim, então pare de
Saborear os espinhos
E os obsoletos recursos

Deixe-se levar pelo vento
Deite-se no leito, no céu e na rede
E sonhe com os cem destinos
Que um deles já está em curso.

sábado, 12 de março de 2016

Para entender como certos colegas de escola foram aprovados em História

Condução coercitiva
Prisão preventiva
Indignação seletiva
Imbecilização televisiva
Manipulação de notícias
Corrupção ativa, passiva e reflexiva

Eu confesso que a minha cachola
Herculeamente se esforça
Para entender como certos colegas de escola
Foram aprovados em História:
Não sei se através de cola
ou se estão desprovidos de memória.

Todos os teleguiados
Neste domingo, treze de março,
Marcharão contra a democracia
Em prol do golpe

Será um triste marco:
Ficará decretado
Como o dia da hipocrisia
Ou o dos fantoches.

segunda-feira, 7 de março de 2016

Represa de mãos


Diante da leitura labial

Dos meus pensamentos

Mais recônditos

 

Com as mãos, penso que escondo

O que se passa por dentro

Do universo cerebral

 

Mas a represa

Não detém

A força da natureza

 

Até eu saber quem

Põe as cartas na mesa

E o carvão no trem.

 

 

quinta-feira, 3 de março de 2016

Focos de artifícios


Surpreendente

Previsível

Mostre os dentes

Não morda o sorriso

Morada do espelho

Extraordinário

Corriqueiro

Comemore o aniversário

Mesmo sem isqueiro

Palavras são calendários

Focos de artifícios

Não são estratagemas

Neste caso específico

Mas genuíno cinema

Personagens e indivíduos

Não se condenam

Se estiverem fingindo

São raízes e antenas

Está tudo no ar

Embora não seja visto

É uma canção de ninar

É o milagre de estar vivo

Neste mundo vulgar

Cenário magnífico