terça-feira, 31 de março de 2015

A cidade em que habito

A cidade
Em que habito
Tem o toque
De escolher

Bem depois da tarde
Do ocaso bonito
A noite explode
Ela é o poder

Agressivamente suave
Quando transito
Entre o rock
Regressivo e o iê-iê-iê

Na realidade
Nada faz sentido
Não há mais quem enfoque
Além de mim no alvorecer.






segunda-feira, 30 de março de 2015

Cadê os cinemas das ruas das nossas existências sem o corporativismo?

Tiraram as blusas e as brumas
Deixando o cérebro desnudo
E nada pudico
Cadê os cinemas
Das ruas
Das nossas existências
Sem o corporativismo?

As pessoas obtusas e turvas
Alegam que tem havido um abuso
Inadmissível
Das cenas
Cruas
E obscenas
De nexo explícito.






sábado, 28 de março de 2015

Eu canto gritando

Eu canto
Gritando
Porque os males
Só se espantam
Na base
Do grilo.






segunda-feira, 23 de março de 2015

Como nascem a lua, o sol e os meus pensamentos

Sempre que caio
Eu me levanto
Assim vou levando
A vida que não calo
Pelos desapontamentos
Daqueles que não sou
Mesmo desconhecendo
O destino, eu, alucinadamente, vou
Como nascem a lua, o sol
E os meus pensamentos
Quando me deito contigo ou só
Contando os meus devaneios
E o pior
Ou o melhor
É que ninguém sabe qual veio
Primeiro.






quinta-feira, 19 de março de 2015

O quanto espuma de raiva

Na metade
Dos anos dez
Do sexo vinte um

As autoridades
Ainda enxergam através
Dos espelhos de teto dos bedrooms

Tomara que saibam
- Aliás, de novo -
O quanto espuma de raiva
O estuprado povo.






A aposta

Tem que acontecer
Arrisco-me a dizer
Que já está acontecendo
Neste segundo
Neste momento
Como o mundo
Há de rolar
Como a bola
Que vou chutar
Em boa hora
Pode ser o gol
Pode ser agora
Pra quem já jogou
Tanto é a aposta
Com mais amor
Do que lógica.




terça-feira, 17 de março de 2015

Uma fagulha

O meu recipiente
Está com a boca cheia
De opiniões alheias
Já sou inquieto o bastante

A minha vida é paciente
Como a natureza
Uma fagulha que me hasteia
Na hora mais fatigante

A minha idade se troca sempre
No meu aniversário
E não me sinto retardatário
O tempo me toca adiante

Além de mim mesmo, estou ciente
De que não há nenhum adversário
Não sou de correr, mas nunca paro
Pra não chegar depois nem antes.



segunda-feira, 16 de março de 2015

Observatório da atualidade

A ciência é o novo mito
A notícia é o novo medo
A cidade é o novo mato
A gentileza é o novo modo
Mas continua muda em muitos
Muros e mundos.





sexta-feira, 13 de março de 2015

Quem não conhece a história vai na cola da histeria

Quem não conhece a história
Vai na cola da histeria
E atavicamente acredita,
Sob a bênção da marcha da família
Com Deus pela liberdade, que o golpe
É a revolução a galope

A ignorância pode
(Com a segurança menos coletiva
Do que seletiva da polícia)
Pedir xícaras de açúcar e bondade à malícia:
Isso dá mais ibope
Do que a novela das nove

Quem reconhece o que e quem move
Todos os pretensos
Revoltados fantoches
On-line e desconectados dos fatos por esporte
Anda ao lado do bom senso,
O melhor extintor de incêndio.











terça-feira, 10 de março de 2015

O descobrimento do esconderijo das panelas nas cozinhas dos diferenciados apartamentos

Faz um bom tempo
Que acabou outubro
Seu mimado aborrecimento
Não merece um terceiro turno
Seu asséptico engajamento
É um teleguiado discurso
Papagaiado pronunciamento
Desprovido de conteúdo.

Neste domingo houve o descobrimento
Do esconderijo das panelas
Nas cozinhas dos diferenciados apartamentos
Enquanto as periferias, as favelas
E os subúrbios seguem vendo
O ódio das classes alta e média
Pela invasão em aeroportos, cruzeiros
E universidades dos bem-vindos penetras.











segunda-feira, 9 de março de 2015

Aja, paciência

Aja, paciência
O tempo é reativo
A qualquer urgência
A cada novo motivo

Só acha a consciência
Sobre o que não faz sentido
Nem bate continência
No quartel, no quarto e no labirinto

Haja ausência
Para tanto desperdício
Todavia a vida compensa:
Nenhum dia é improdutivo.