sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Meus deejays prediletos

Meus deejays prediletos:
Shuffle e Random, com méritos
Não necessariamente nessa ordem

Nada é por acaso
O sistema é monetário e binário
Enquanto os macacos me mordem.


Só pra não me cegar no que procuro

Meu amor, entenda:
Óculos escuros
Não são vendas.

Só pra não me cegar no que procuro
Entre a calma e a urgência
Fico junto com o meu futuro.




quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Cataratas catárticas

Estou com a alma lavada
E abençoada pelas águas:
Todas as vistas ficam mais clareadas
Com tais cataratas
Catárticas.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

A seguir, cenas do próximo capítulo.

Quem vê novela
todos os dias
jamais tolera
as cenas de flashback:
Vida que segue.



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Do sabor dos acontecimentos

Comi um pastel aparentemente bacana
Pensando ser de banana

Mas quem diria
Que era da capital da Síria?

Eu tenho asco
Do sabor dos acontecimentos em Damasco.




terça-feira, 11 de novembro de 2014

Além do espelho que atordoa

Não gosto de relógio parado
nem de calendário com a folha
do mês passado ou retrasado:
quero estar com o tempo que voa

Não gosto de quem não olha
para todos, para si, ao redor e nos olhos
além do espelho que atordoa:
quero estar na moda ao meu modo

Não gosto de quem aperta
a mão com a mão esquerda
e eu nem sou de direita:
quiçá eu seja só poeta.






domingo, 9 de novembro de 2014

Equilíbrio

Em mesa que sofre
De osteoporose
Põe-se calço.




sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Na condição de jovem

Tento aprender
Como se desacelera
Com as tartarugas
Enquanto se arrasta a espera

Com a biblioteca pública de Niterói
Fiz uma troca igualitária:
Doei meu livro de poesias ao acervo-herói
E pego emprestado os de matemática

Tento acelerar
O aprendizado
Dando voz e vez às perguntas
Mas sem ser apressado

Na condição de jovem
Vejo como as coisas me comovem
Eu era bem mais velho
No outro século.









terça-feira, 4 de novembro de 2014

Velha luta

É a velha luta de crases
A gente estuda, trabalha
E fica quase sempre no quase

É a velha luta de classes
A mesma batalha
Só mudam os disfarces

É a velha luta, Descartes:
Pinta algo que atrapalha
E ajuda, por mais que se descarte.






domingo, 2 de novembro de 2014

Não vou baixar o níquel da conversa

Não vou baixar o níquel da conversa
De uma maneira gratuita
O que é barato leva
Uma multa oculta
No conteúdo
Ou na etiqueta

E nem isso é tudo

O meu verbo é a minha verba
No silêncio verborrágico escuto
As dispensas matemáticas e a receita
Mística que prezo muito
E, neste feriado de finados que não afeta
Os dias úteis, eu não fico mais feito um morto insepulto.