sábado, 26 de abril de 2014

Entre a algazarra e o sigilo

Os segundos foram difíceis
Entre a algazarra e o sigilo
Se nada se calou, não comento...

Aí, de súbito, eu disse
Durante um solo de guitarra tudo aquilo
No caô do momento

Só para ficarmos um pouco felizes
E parecerem leves os quilos
Que, sem o seu auxílio, eu não aguento.












Eu só queria um favor

A primeira vez
Que me recordo
Da frustração presente
Foi em mil novecentos e oitenta e seis
Era inverno mas fazia sol

Eu era uma criança
De sete anos e dez dias ao todo
E chorava copiosamente no chão do quintal indiferente
Depois da derrota do Brasil para a França
No México, porra, futebol!

Mal poderia supor
Que era uma fácil fase
Da minha vida em flor

Eu só queria um favor:
Que me decepcionasse
Sempre assim, contudo veio o amor.






quinta-feira, 17 de abril de 2014

Asco e compulsão

Meu asco no que tange à Fifa
é menor do que a minha compulsão
por colecionar figurinhas
da cópula do mundo em convulsão.

Quem quiser trocar as duplicatas
pelas pendentes comigo
já saiba que não é negociata:
trata-se de ajuda de amigo.




quarta-feira, 16 de abril de 2014

A televisão de 60"

A televisão de 60"
não tem sessenta polegadas,
mas uma vida útil de um minuto
graças à obsolescência programada.


domingo, 13 de abril de 2014

Sem preocupações

Imagino as cores
dos pássaros
através dos sons
quando a manhã não está no passado.

Eu preciso desta calma dominical
no meio das montanhas
para respirar o caos
aspirando qualquer façanha.

Senhoras e senhores:
eu vejo melhor as borboletas
sem preocupações
contempla-se cada sílaba do planeta.











sábado, 12 de abril de 2014

Nem tudo o que gosto tem osso

Só uma adrenalina
para saber como as coisas se animam
eu pedalei hoje sob o sol de meio-dia
quase deixei no asfalto o meu café da manhã

Está rolando Ney Matogrosso
para você entender o que ouço
nem tudo o que gosto tem osso
o que não me impede de apreciar Djavan.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

O vapor

O vapor que sai da
delícia gelada
de um chicabon
numa tarde de outono
é um tapa na cara,
um soco no estômago
do provérbio que declara
que onde há fumaça, há fogo.