segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O pente do vento


O vento passou o pente
Nos esguios eucaliptos
Especialmente
Para o ano novíssimo
Ainda que espremido
Entre os morros flumineiros
O horizonte fica mais inteiro
Da varanda do mezanino
A despeito do vizinho
Cortar a grama e o meu sono
- que já são rentes –
Justamente depois do almoço
Longe de soar solene
Eu desejo a todos
Inclusive ao obsessivo cortador
Um ano novo frondoso
Para o vento pentear com amor.
 
 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Azuis caminhos


Telhas de vidro
Deixam o recinto
Brilhantemente acendido
 
Assim como os azuis
Caminhos da poesia que não impus:
São pontos de luz.
 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Trêmulos dias atuais

Daqui a uma década
Teremos saudades
Dos trêmulos dias atuais

Quiçá muito mais
Nostálgicos do que de outras fases
Quando éramos apenas almas.







Até o começo


O maior trabalho
Neste recesso
É suportar o enfado
Da derradeira semana de dezembro
Até o começo 

De dois mil e catorze
Com a torcida
Sem entorse
Por uma vida
Tranquilamente sob neurose.

 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Do Natal

Só gostava do Natal
Quando menino
E crente que era real
O bom velhinho

Caso não esteja com quem se ama, é um teatro
Alegremente enfadonho
Aguentar os fingimentos é mais fato
Do que um mero sonho.









segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A casa do futuro

Em pleno quarto dia
Aqui na roça
Em Conservatória
Meus ouvidos não acreditam
Que estão longe das escrotas
E enlouquecedoras obras

Calmo, eu caminho
No acostamento da estrada
Onde não acontece nada
Mais do que o canto dos passarinhos
E a intuição de que a casa
Do futuro já foi levantada e decorada.


domingo, 22 de dezembro de 2013

Do interior de dentro

Não existe perfume
Mais do interior
Do que o do estrume

O que vem de dentro
Nem sempre é amor
São outros alimentos


.


sábado, 21 de dezembro de 2013

Uma estação

Leva uma estação
Para se chegar à próxima
Entre o calendário e o trem

Da primavera ao verão
As raízes são as portas
E as janelas que me assustam e me sustêm

O coração está são
Eu sei de quem é a obra
E agradeço pronunciadamente em silêncio por tamanho bem




quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Apenas parece

Embora esteja escrito
o que assino embaixo
não quer dizer que concorde com isto
pode nem ser mais o que falo
ainda que o tempo pare sem o vento
o ponteiro sem pestanejar prossegue
seu circular movimento
eu sei que apenas parece
que o mundo cessa de girar
quando não há uma brisa que refresque
no entanto nada me paralisa de respirar
por enquanto nem estou entregue
portanto experimentar me pisar
não soa um bom procedimento
mas se preferir se arriscar
vai ferir a sola do pé no cimento.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

De como Justin Bieber me devolveu a fé na humanidade.

Justin Bieber,
O pop star
Aborrecente, decide
Abruptamente se aposentar
Aos dezenove anos de idade:
Eu ainda creio na humanidade.





terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Nem com nado sincronizado

Quando eu fuço
O passado
Fisicamente
Encontro quase tudo
Casualmente passado
Para presente

Deixo seguir o fluxo
Em caso contrário
Não venço a corrente
E vou para o fundo
Nem com nado sincronizado
Convenço o júri muito simpático e incompetente.



sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O estatuto e a estrada

No estatuto
Está tudo
Em estático estudo

No entanto, não está nada
Estagnada a estrada
Ser longa e sinuosa já basta.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A bonança

Eu nunca tive
um fim de semana
tão triste
mas é pra frente que se anda
meus amigos existem
e boas vibrações me emanam

Foram dias solares
tão-somente no céu
eu voo e volto à base
minha casa quase cedeu
aos raios, raivas e tempestades
a bonança é reconhecer quem sou eu.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Encontro

Hoje eu tomaria banho de rio
Em Guapiaçu
Mas fui na correnteza do pranto
Ao me reaproximar do sorriso nu
E submerso em memórias
Da minha infância azul

Tudo é normalmente esquisito:
A pessoa que vi e beijei há quatro dias
Durante trinta e quatro anos
E que me ensinou a ler as letras e a vida
Não existe mais nesta dimensão agora
Pelo menos minha vó desencarnou sem agonia.

Estarei sempre no seu colo
Descanse em paz neste novo plano
Exceto o meu, não vou a velórios
Eu me escondo no meu canto
Quando choro
E nos encontro por encanto...











terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Arremessos

Há uma lacuna
Em cada poesia
Que me insinua
Ler obras distintas
Ainda que não existam

O meu entusiasmo
Com determinados textos
É o mesmo
Pela folha alva, alvo
Dos meus arremessos.






segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O meu desterro

Até nos dias inúteis
Eu descarto
A facilidade
Cujo parto
É da mediocridade

Não sei se é virtude
Ou vício
Contudo encerro
Com fogos de artifício
O meu desterro

Entre nitidezes e nuvens
Calmamente corro
Da imbecilidade
Cujo porto
É a porta da minha cidade