Admito que sou um rapaz confuso:
Eu me enxugo
Com a sua toalha
Que, sem calor, sua
Eu fico tanto no meu mundo
Que não escuto
A cor que é a sua cara
E nem sempre me situa
E você sabe que isso transcende
Como os mistérios pendentes
E independentes de ciências
E outras religiões
Vou me atentar mais aos gnomos e duendes
Para deixar a sua toalha um pouco ausente
Dos entes que têm existência
No meu universo de abstrações
Compilação randomicamente ordenada dos versos meus ou de Tchellonious ou de Tchello Melo ou de Marciano Macieira ou de algum lugar.
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Talvez a primeira vontade
Quando você não acha
E tem a certeza
De que a sua cabeça
É mais do que uma caixa
Saindo de outras
Talvez a primeira vontade seja
Adormecer
Para abraçar a mesma
Realidade rotineira
Quando você pensa que não se encontra.
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Humor politicamente negro
Não sei se sou
Politicamente correto
Ou se meu humor
É, como eu, negro
Politicamente correto
Ou se meu humor
É, como eu, negro
Humilhar não tem graça
Tampouco faz comédia
O humor pode ser morto na praça
Se forem curtas as rédeas.
sábado, 26 de outubro de 2013
Preciso de uma vez por todas
Preciso de uma vez por todas
Registrar no celular
Ou no guardanapo do bar
O que me atordoa
Antes que me arrebente
De tantos arrependimentos
Dos esquecimentos
Indesejáveis, naturalmente.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
A biografia de um pirado circunspecto
Há certos aspectos
Em que estão em casa e na rua
Todos os meus espectros
Sobretudo na literatura
De Clarice Lispector
A minha vida não se trata
De um aparelho eletrodoméstico
Que se adquire até de forma pirata
O que é acerca de mim não está num prospecto
A biografia de um pirado circunspecto: em breve nas praças.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Cinema do interior
Fico tão agulhado
Quanto relaxado
Para a sessão
De acupuntura
Sob a atenção
De cinema do interior
Onde a pintura
É feita com um tipo de cor
Que raramente se usa
Em busca da ascensão
Por agulhas, mergulhos e fagulhas.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
A amêndoa
Chutar a amêndoa
É o salvo-conduto
O sonho e a senha
Para a infância das primeiras fases
Onde não há o extermínio
Mas a criatividade
De fazer do fruto
A bola que chuto
Da mesma forma de quando era menino
Rola a saudade num susto
Por ser tão plena
Quanto a amêndoa.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Do chumbo à pluma
O peso do mundo
Parece que muda
Do chumbo
À pluma
Em frações de segundo
Meus ombros
Não se ajuntam
Por causa dos sonhos
Que na cabeça pululam
Como sapos no trono
É vão o desespero:
Cada um atura
O próprio peso
Que a balança interna calcula
Entre a audácia e o medo.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Um caminho
Eu ando
No calor
No frio
Até quando
Viável for
Um caminho
E caso não tenha
Mais onde pisar para ir
Meus pés desenham
O que pintar por aí.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Sabem de quem vem?
A baderna
É de quem
Possui o dever
E não governa
A arruaça
É de quem tem
Como fazer
Mas não faz nada
A desordem
- Sabem de quem vem? –
De quem diz que não quer ver o povo sofrer
Enquanto nos fode.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Já que a chuva cai
Já que a chuva cai
Agora e também
Cairá no sábado e no domingo
Não sou eu quem vai
Chorar que nem neném:
Não sou um rapaz competitivo.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
O que depende de si
Não há nada melhor
Do que prosseguir
Faça chuva
Faça só
O que depende de si:
O tempo ajuda.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
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