domingo, 31 de março de 2013

Só no interior de fato



O mês de março
Vai se tornando um bagaço
Até abril
Só no interior de fato
Há mais elementos e carros
Daquele tempo que partiu.

terça-feira, 26 de março de 2013

Saudades e estrelas


Ah, saudades...
Eu penso que as tenho
De um tempo
Em que nem tinha idade
Para tê-las

Talvez a memória
De cunho jornalístico
Seja a melhor forma
De não soar cínico
Ao seguir as estrelas

Elas estão mortas
Mas ainda moram
No céu de quem rememora
Tudo, até o futuro em órbita
Em retrospectiva nas telas.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Contrassensual


Contrassensual
Não é contrário ao sexo
Aliás, é promíscuo: fode qualquer nexo

sexta-feira, 15 de março de 2013

Escuridão esclarecedora


Desconhecer o destino
Já é um propósito
A falta de poses e de calculados sorrisos
Fica bem na fita e na foto
Não ouça sempre o que digo
Bastam os meus olhos
Embora esteja indo
Espere que eu volto
Este é o meu caminho
E não dos outros
Somos pequenos brilhos
Na escuridão esclarecedora do cosmo.


quarta-feira, 13 de março de 2013

Pelos canos do Vaticano


Na dança das cadeiras
Sob o volátil canto
Entre regalias e cadeias
Pelos canos do Vaticano
Sai um do exército
Da juventude hitlerista
E entra um adepto
Da ditadura argentina
E continua o funesto
Passado no papado
Bem afastado daquele papo.

terça-feira, 12 de março de 2013

Presente em tudo


Entre a ansiedade
Do sonolento futuro
E a saudade
Do passado profundo
Nunca é tarde
Para ficar presente em tudo
O que aufere eternidade
Antes que termine num minuto.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Plantas e pedras


As plantas são mais atentas
Do que essas antas que nunca tentam
Por medo

As pedras são mais transigentes
Do que merdas em forma de gente
Por arremedo

Já quis virar planta
E semeei pedras
Na minha terra
Ser humano me espanta.

sexta-feira, 8 de março de 2013

No fim das contas


Por mais que a aparência
Ditada por quem se pensa
Com suas fórmulas prontas
Deixe o corpo perfeito
No fim das contas
Todos viram esqueletos
A sete palmos da terra
Exceto os embalsamados
Os mumificados
E os poetas.


quarta-feira, 6 de março de 2013

Um conserto desafinado


A cidade se tornou um canteiro de obras
Um conserto desafinado
Não pode mais ser um ninho de cobras
Destilando venenos açucarados
- Alguns aplaudem como focas -

O menino doce e sadio me saúda
Com saudades da infância
Agora parece uma pessoa muda
Ouvindo ecos de lembranças
- A alma carece ficar desnuda -

Niterói está um enorme estacionamento
Virou um imóvel transporte
Os imóveis daqui geram incremento 
Só para os alheios cofres
- E nós temos que lamber os beiços com os excrementos - 




segunda-feira, 4 de março de 2013

Para fora de casa


Barbeadores cegos
Benjamins nada elétricos
Pilhas quase derretidas
Comidas transvencidas

Jornais meramente datados
Assim como os calendários
Revistas banais de ontem:
Iguais às de hoje, nada de novo no front

Catálogos telefônicos
Agendas de um tempo que descarta o eletrônico
Manuscritos, negativos e fitas cassetes
Aparelhos e outros tatos antes da internet

Jogar para fora de casa
As energias paradas
É a parada




sexta-feira, 1 de março de 2013

Ainda às cegas


O que se quer?
E o que se faz
Torna singular
Um dia qualquer

O que se almeja?
E o que se amua
Mune e muda
Virando a mesa

O que se mira?
E o que se acerta
Ainda às cegas
Muito me admira.