terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Haikai natalino.

Só o dia de Natal
Para tornar a terça em fera
Domada e dominical.

As frutas

Enquanto se devoram
As frutas ignoram
Que vão embora.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Vermes e anjos


Esqueça a guerra
Largue as armas
Por uma nesga de trégua
Aja como fala
Haja o que ouvir
Hoje é o porvir

Dê à terra
Enquanto há alma
Suas palavras de poeta
E as lavas do seu ego
Os vermes esperam
Que nem os anjos, sempre aéreos.


domingo, 23 de dezembro de 2012

O cheiro da carne assada


O cheiro da carne assada
Serpenteia pela casa
E a fome anseia ser logo passada.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O fim de um mundo


Aprecio o fim de um mundo
No meu refúgio
A extinção de uma mentalidade
Ainda que seja tarde
E o céu anuncia que vem água
Para aliviar a alma
Enquanto minha namorada
E minha irmã em disparada
Vão à manicure
Não desejo que este mundo perdure
Igual a um pesadelo requentado
Talvez acabe que nem uma brincadeira
Quando parar de pôr a lata de achocolatado
Em pó na geladeira.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Boas entradas e saídas.


Caso não agrade
Agride

Há grandes grades
Graves

E o que divide
As fechaduras difíceis
Das chaves

É se tornar livre.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Quando as estrelas dão espaço


Prefiro ver as nuvens
Quando as estrelas dão espaço
Para os comerciais

Meus olhos passeiam salubres
No azul me distraio
Apesar dos sinais

Meu estilo é nenhum
Minhas canções são uns fracassos
Minha ideologia não me faz

Mártir de algum queixume
De um movimento recatado
Até um dia que possa dançar.

Nada perto


Meu medo é nada perto
Do osso que roo
Do nó que torço
Do voo que alço
Do zoológico todo
Onde eu, tolo ou não, espero
Com os sonhos descalços
Em vez de sapatos
Na zona de conforto
Antes um dente torto
Do que um sorriso amarelo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Pela vida que se decanta


Passando mais um ano pesado
Planos levianos são pisados
Pela máquina no pomar
Aparando a grama
Esperando granular
Pirando pela grana
Pela garapa
Pela cana
Pela cara a tapa
Pela vida que se decanta
Perdida no mapa
Achada em chamas.

Enquanto agora não passa


Não sei quase nada
Acerca do que me cerca
Só em dezembro se come rabanada
E sofre de tédio o ano inteiro a pedra
Na sua mudez de madrugada
Na calmaria que enerva
No desenho das águas
Na espuma da cerva
E nas ondas do que se traga
Meu momento se conserva
De qualquer forma na garrafa
A validade é eterna
Enquanto agora não passa
Como um vento sólido nas pernas
Ou uma chuva seca na cara
O próximo instante jamais começa.

Haikai como uma luva.


O dinheiro
Vem sempre primeiro
Segundo terceiros.

Num sonho antigo


Nem sempre sendo
O que sonho, eu sondo
Assanhado uma senha
Que me acesse ao senso
Incomum

Em comunhão comigo
Que não parece ser eu
Talvez seja o que se esqueceu
Num sonho antigo
De dia nenhum.

Ela...


Ela se jogou da janela
Do quinto andar
Contudo a lei da gravidade lhe foi mais leve

Sem leviandade
E muito levada
Às vezes trazida
Para não ser atrasada

Aqui se lê vida.

Quando estou


Quando estou desse jeito
Confesso que não vejo
Outro jeito
Para não rasgar meu peito

Imprimo com sangue
Em cada verso que me leio
O coração nunca é estanque

Quando estou com esse humor
Não há coisa pior
Quiçá um tumor
Ou a escassez de amor

Exprimo com meu olhar
Em cada quadro que me sou
O que é terra já foi mar.

sábado, 15 de dezembro de 2012

A tempestade e o brejo


A minha agorafobia se desenvolve
À medida que a idade avança
Eu nasci em mil novecentos e setenta e nove
Já não sou tão criança

Engulo ventos e sapos
Em demasia
Arroto a tempestade e o brejo pra ver se escapo
Da letargia

Antes que seja tarde
Senão eu não durmo
E meus sonhos nem são muitos

Niterói tem a enigmática arte
De atrair dilúvios
Em dias de eventos gratuitos

sábado, 8 de dezembro de 2012

Do mundo em decomposição


Com interesse
Desperto ou não
No meu destino
Quem me dera
Se eu pudesse
Ter a noção
Do corte do fio fino
Da vida, de uma ideia

Numa D.R. com o stress
Mantenho um sorriso no coração
Velho, de menino
Voando de bicicleta
Acima das fezes
Do mundo em decomposição
Num frenético ritmo:
Não será longa a espera.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A tentativa dos chips


A chapa é quente
E o chope, gelado
Que os chips tentem
Chupar o legado
Que ninguém deixa de bobeira
Na xepa da feira.



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A realidade boia


Entre a praça Arariboia
E a quinze de novembro
A realidade boia

Entre o índio batizado
E o corrente dezembro
Amores e pecados

Desde o grito que pariu o eco
Até onde me lembro
De esquecer o meu ego.