Há os homens de barro
E os deuses de carne
Moram no meu bairro
E já tiveram acne
Às franjas da minha revolução
As velas do bolo não correspondem
Mais à idade em evolução
As águas submergem a ponte
E o que se afoga
Já foi vivido com folga
Há os homens das nuvens
E os deuses da cédula
Vendem no fim dos túneis
Luzes que somente cegam.
Compilação randomicamente ordenada dos versos meus ou de Tchellonious ou de Tchello Melo ou de Marciano Macieira ou de algum lugar.
terça-feira, 31 de maio de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Na papila dos olhos, na pupila da língua
Eu me mantenho
Através dos ossos
Dos pés e do silêncio
Enquanto a lua míngua
Na papila dos olhos
Eu me contenho
Do modo que posso
No gordo incêndio
Na pupila da língua
Lambendo os destroços
E quando a lua ficar nova
Mudarei meu visual
Deixando toda a sobra
Ao próximo funeral
Tento entender quem chora
É só mais um ritual.
Através dos ossos
Dos pés e do silêncio
Enquanto a lua míngua
Na papila dos olhos
Eu me contenho
Do modo que posso
No gordo incêndio
Na pupila da língua
Lambendo os destroços
E quando a lua ficar nova
Mudarei meu visual
Deixando toda a sobra
Ao próximo funeral
Tento entender quem chora
É só mais um ritual.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Mesmo a esmo
Eu tenho tanta coisa pra fazer
Que nem sempre me lembro
E faço tanto o que não se ousa pra ter
A prorrogação do tempo
Que tendo ainda a crer
Na minha fase de crescimento
A despeito da chuva
No meio do fim de semana
Eu vou certeiro, mesmo a esmo, à luta
E abraço a campanha
Brindando com menos cicuta
Eu me embriago de esperança.
Que nem sempre me lembro
E faço tanto o que não se ousa pra ter
A prorrogação do tempo
Que tendo ainda a crer
Na minha fase de crescimento
A despeito da chuva
No meio do fim de semana
Eu vou certeiro, mesmo a esmo, à luta
E abraço a campanha
Brindando com menos cicuta
Eu me embriago de esperança.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Aquele dia
Preciso limpar a mochila
Depois de cultivar a pachorra
Na quilométrica fila
Quero que chegue aquele dia
De deixar crescer a barba toda
Pra cortar a densa rotina
Sou assaltado pelo cansaço
Ao fazer de lixeira o cinzeiro
Com unhas, chicletes e enfados
Mas, tudo bem, eu passo
A bola, a roupa e o tempo
Em troca do seu abraço.
Depois de cultivar a pachorra
Na quilométrica fila
Quero que chegue aquele dia
De deixar crescer a barba toda
Pra cortar a densa rotina
Sou assaltado pelo cansaço
Ao fazer de lixeira o cinzeiro
Com unhas, chicletes e enfados
Mas, tudo bem, eu passo
A bola, a roupa e o tempo
Em troca do seu abraço.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Daqui a onze mil dias
Quem me dera ter um dispositivo
Que me conduzisse
Apesar da imobilidade e da calvície
À velhice
Lá pela década de quarenta
Do século vinte e um
Atuarei mais no cinema
Do que no atual teatro dos comuns
Quem me dera estar vivo
Daqui a onze mil dias
Quando a aposentadoria
Não for mais utopia
Ao atingir os sessenta
E poucos anos
Vou diluir meus problemas
No oceano e na horta que já planto.
Que me conduzisse
Apesar da imobilidade e da calvície
À velhice
Lá pela década de quarenta
Do século vinte e um
Atuarei mais no cinema
Do que no atual teatro dos comuns
Quem me dera estar vivo
Daqui a onze mil dias
Quando a aposentadoria
Não for mais utopia
Ao atingir os sessenta
E poucos anos
Vou diluir meus problemas
No oceano e na horta que já planto.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Para ficar mais perto
Ao passo que a minha alma caminha
Tendo a carcaça e a bruma maciça
Como quase imutáveis companhias
Vou me dopar e me topar naquela esquina
Para ficar mais perto dos breus
Confesso que eu me esqueço
Do sol que tenho aqui dentro
Para dissipar o nevoeiro
Serve também o vento
Para ficar mais perto dos céus
Enquanto ando
Ainda que sonâmbulo
Vou tateando
O que sonho tanto
Para ficar mais perto de Deus.
Tendo a carcaça e a bruma maciça
Como quase imutáveis companhias
Vou me dopar e me topar naquela esquina
Para ficar mais perto dos breus
Confesso que eu me esqueço
Do sol que tenho aqui dentro
Para dissipar o nevoeiro
Serve também o vento
Para ficar mais perto dos céus
Enquanto ando
Ainda que sonâmbulo
Vou tateando
O que sonho tanto
Para ficar mais perto de Deus.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Sempre que é nunca
Enquanto a mediocridade ascende
Embora patine
Na zona de conforto novamente
Onde o confronto com a realidade não se define
Nada acende além de
Você e de mim
E as contas que se propagam
São pagas com o nosso din-din
A sobremesa não devia ser amarga
É meu natural direito
Querer que aceitem
O meu jeito
Eu careço que me acertem
No peito
Para que seja exposto
Em praça pública
O meu coração que fica fosco
Sempre que é nunca.
Embora patine
Na zona de conforto novamente
Onde o confronto com a realidade não se define
Nada acende além de
Você e de mim
E as contas que se propagam
São pagas com o nosso din-din
A sobremesa não devia ser amarga
É meu natural direito
Querer que aceitem
O meu jeito
Eu careço que me acertem
No peito
Para que seja exposto
Em praça pública
O meu coração que fica fosco
Sempre que é nunca.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Sem o domesticado desespero
Sentado no trono
Lembro que existo
Sob o olhar pronto
De Jesus Cristo
Sempre que deixo
A porta aberta
Sem o domesticado desespero
Das antimetafóricas cadelas
Eu acordei antes do sol brotar
Longe do ocaso ao contrário
E minha irmã há de me dar
Um presente extraordinário
Algo que recompense
O tempo em que passei absorto
Cuidando dos seus pertences
Ela tem bom gosto.
Lembro que existo
Sob o olhar pronto
De Jesus Cristo
Sempre que deixo
A porta aberta
Sem o domesticado desespero
Das antimetafóricas cadelas
Eu acordei antes do sol brotar
Longe do ocaso ao contrário
E minha irmã há de me dar
Um presente extraordinário
Algo que recompense
O tempo em que passei absorto
Cuidando dos seus pertences
Ela tem bom gosto.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
O melhor dia que já houve
Vou te contar
No quinto andar
Que sei imitar
E do quinto pavimento
Que eu sinto e não me contenho
Contanto que eu firme
Contigo um contrato
Para uma viagem com direito a um filme
De roteiro concretamente abstrato
Canto de modo quente e contente
Ao constatar que consta um contato
Com o tato do grande teto
Com as tetas que ordenho
Tantas tintas tontas que tento ordenar
No fim das contas
O desenho é a senha do sonho
E o melhor dia que já houve
É hoje.
No quinto andar
Que sei imitar
E do quinto pavimento
Que eu sinto e não me contenho
Contanto que eu firme
Contigo um contrato
Para uma viagem com direito a um filme
De roteiro concretamente abstrato
Canto de modo quente e contente
Ao constatar que consta um contato
Com o tato do grande teto
Com as tetas que ordenho
Tantas tintas tontas que tento ordenar
No fim das contas
O desenho é a senha do sonho
E o melhor dia que já houve
É hoje.
A cada folha extraída
Uma manhã a mais
É uma noite a menos
O sol sempre sai
Apesar do céu cinzento
Os olhos salientes de criança
E nada silentes da minha cara
Veem para além da ganância
De quem se vende por nada
Na hora do caldo
Com as cartas à mesa
E o coração na boca
Vou saber se o saldo
Estará com a luz vermelha
Ou se a bazófia foi pouca
A cada folha extraída
Do caderno e do calendário
Desconfio que a vida
Segue conforme meu itinerário
Enquanto o dia acontece
Tento ficar a par do que me abrange
Como se eu pudesse
Correr tanto quanto o meu sangue.
É uma noite a menos
O sol sempre sai
Apesar do céu cinzento
Os olhos salientes de criança
E nada silentes da minha cara
Veem para além da ganância
De quem se vende por nada
Na hora do caldo
Com as cartas à mesa
E o coração na boca
Vou saber se o saldo
Estará com a luz vermelha
Ou se a bazófia foi pouca
A cada folha extraída
Do caderno e do calendário
Desconfio que a vida
Segue conforme meu itinerário
Enquanto o dia acontece
Tento ficar a par do que me abrange
Como se eu pudesse
Correr tanto quanto o meu sangue.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Na curta temporada da peça
Verto-me em lágrimas
Com cenas de novelas
Visto-me de máquina
Na curta temporada da peça
Veto-me ao não dar braçadas
Na cidade árida e submersa
Vendo-me por nada
Em nome da visão periférica
Vingo-me na estrada
O tempo de carona atropela
Valho-me com palavras
Impressas e expressas às pressas
Venço-me a cada mancada
Quase ninguém erra
E volto para a minha casa
Onde a vida me espera
Com cenas de novelas
Visto-me de máquina
Na curta temporada da peça
Veto-me ao não dar braçadas
Na cidade árida e submersa
Vendo-me por nada
Em nome da visão periférica
Vingo-me na estrada
O tempo de carona atropela
Valho-me com palavras
Impressas e expressas às pressas
Venço-me a cada mancada
Quase ninguém erra
E volto para a minha casa
Onde a vida me espera
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