segunda-feira, 28 de março de 2011

Muitos rituais

Quando fico sozinho
Nunca estou só
Eu me divirto
Com alguns de mim ao redor
Depois entra na roda o restante
Diante da rotina enfadonha
Preciso desvendar muitos rituais
Como quem sonha
Por apenas um sentido e nada mais
Para que não seja uma morte agonizante.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Quando não houver mais chão

Pipocam religiões, igrejas
E fiéis convictos de terno
Enquanto mínguam gentilezas
Lotando com os bons desígnios o inferno
Não sou de levantar nem de dar bandeira
A pretensão da discrição às vezes é dramática
Eu creio que possa andar ainda à beira
E, quando não houver mais chão, crio asas
E quem me beija
A me levar para além da imaginação
É a minha fortaleza
Contra qualquer esquadrão.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Do que é ao que será

Muitas vezes eu me digo
Em tom de denúncia
Que ainda estou comigo
Não é que a exclua
Até porque você é a única
Que, sem malícia, me atura

Mas eu sou assim mesmo
O que não é nenhuma regra
De que darei sempre defeito
Enquanto a era acelera
A gente celebra e se lembra
Do que é ao que será.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Urbe e orbe

Preciso evitar o meu envolvimento
Com dramas e problemas alheios
Eu me ponho tanto no outro lugar
Que nem sei como voltar
À minha posição de origem
Entre nitidezes e vertigens
Às vezes dou a minha cara a tapa
Através de telescópios e capas
Confesso que tenho que me ver
Para me mover com você
Na poltrona da janela ou do corredor
Do ônibus ou do disco voador
Em direção à nossa urbe e orbe
Antes que mais nada dure ou sobre.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Pedra e isopor

Minha irmã sempre me pergunta
Sobre o itinerário dos coletivos
Enquanto a minha angústia
É uma pedra que tento fazer de isopor

Agora tenho uma janela
Para descortinar meus desvarios
E outros temas de novela
Que não sejam canções insípidas de amor

Já queria você antes
Do primeiro dia
Do nosso enlace

Somos tão semelhantes
Que eu nem acreditaria
Se me autossabotasse.

terça-feira, 1 de março de 2011

De mim, de você e da natureza

Assisto: observo e ajudo
Sendo servo do que me faz ficar junto
De mim, de você e da natureza
Apesar das vontades rasteiras

Os dias não são para sempre tão grises
Quanto os meus atuais cabelos
O que não é nenhuma crise
Do tempo, quiçá do espelho

Já que há outros entretons
Hoje adormeço os marasmos
Com hipnóticos danados de bom
Em vez de andar sem entusiasmo.