sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sou eu quase

Sob este clima senegalesco
Tenho acordado cedo
Em alvoroço alvoreço
Com amor derreto o gelo do medo

Há um sol para cada pessoa
E nem todos cintilam
A vida pode ser boa
Fanfarrona e tranquila

Quem me aconselha
A sentar à direita
(Sem conotação política)
Do ônibus na ida?

Sou eu quase
No intuito de que o oásis
Não seja só no túnel
Em menos de um minuto.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Hoje em dia

Não deixo mais as latinhas
Sobre a pia
Não é lixo

Tenho poucas noites sozinhas
Hoje em dia
Estou mais comigo

A ficha ainda está para cair
E eu uso cartão e celular
Os bons auspícios pintam por aí
E os hospícios fecham, mudam de lugar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tudo condiz

Provido de fé e luz
Tudo condiz
Com o que me conduz
Menos falaz do que feliz

Quando a peçonha da audácia
Era vendida na farmácia
Eu não tinha a receita,
A eloquência perfeita.

Aos poucos, assimilo
A boníssima nova
Que me deixa tranquilo
Mais pro berço do que pra cova.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A borboleta azul

Camisa abotoada
Para dentro da calça
Não estão grandes as unhas
Muito menos imundas

Com a barba feita
Além do pensamento positivo
Intuo que esta segunda-feira
Não seja só um dia qualquer após domingo

Parece que a borboleta azul
Vai me atender nesta ocasião
E a canção não será o mesmo macambúzio blues
Mas um contagiante baião.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Uma fresta

Desconheço
Se o desejo me deixa
Indefeso
Ou se sou eu mesmo
Que me mino
Mas não há mais tempo
Para queixas
Típicas de menino

O arco não escolta
Só arremessa a flecha
O alvo esvaece
E volta
Sempre que aparece
Uma fresta
Através da porta
Ou janela.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A par de quem devo matar

Saindo da zona de conforto
Podo o que nunca pude podar
Para não seguir morto
Eu me ergo a par de quem devo matar

Sei que tenho que estar livre
De mim, do ego, dos que me fizeram
Ser assim até agora a fim de
Fugir desta consentida cela

Após tantos anos de aprendizado
Entre tentativas e erros
Preciso ir a um ponto mais elevado
Do que onde me soterro.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Da montanha de curvas e degraus

Se não me movo
A despeito da internet
Eu mofo

Não posso me dar bolo
Porém não é diabetes
É pra não virar bolor

Não é que eu esteja insatisfeito
Tenho amigos, cabelo, família
Saúde, sede, fome, emprego
E alguma subfama pelo carisma

Mas eu não atingi o auge
Da montanha de curvas e degraus
Para fluir até lá nunca é tarde
Quando se sabe fruir o caos.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A fim de não ser mais o que serei ou fui

Tenho me cuidado na ducha
Para não bater os cotovelos nas bicas
E secar a toalha no varal
Aprendi gamão nos dias de chuva
E as plantas não morreram ressequidas
Não adianta beneficência apenas no Natal

Desde a época da pedra, a idade dilata
E a amizade diminui
Somente em quantidade
O que invariavelmente me mata
E me molda a fim de não ser mais o que serei ou fui
Tirei o bigode apesar da moda da continuidade.