quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Coisas da idade

Mais do que saudade
Nutro uma curiosidade
Sobre o meu passado
Quando a responsabilidade
Era apenas ser aprovado
Para aproveitar as férias
De três meses, ou seja, eternas
Para quem a vida era uma festa
Agora sou movido pela ansiedade
E pela insatisfação
Penso que são coisas da idade
Ou da minha revolução
Que não precisa ser da sociedade
Nem da televisão

Mais do que nostalgia
Tenho ânsia da alegria
Da minha infância
Jogando bola descalço
Na quadra da vizinhança
E nas ruas do bairro proletário
O futebol só se interrompia
Quando passava algum carro
Fato raro, friso, salvo
Os churrascos feitos pelo meu pai
Regados a caipirinha e Mineirinho
Que meu avô tinha em engradados
E os papos na calçada com os vizinhos
Quando o sol ficava alaranjado?

As lágrimas são tão polidas
Que fazem abrigo das palavras
Pra não afogarem a poesia
Que nada, que nada, que nada...

Um comentário:

Maria Rita disse...

Inspirador...também me fez voltar no tempo!

Beijos pra Ti