segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sinfonia de obra

Sem disciplina militar
e outras lobotomias
para eu me delimitar

quero extrair a poesia
como quem quer sacar
leite da mamadeira de pedrita

pior do que áudio de televisão
só sinfonia de obra
em sintonia com a minha diversão

e a ganância quintuplica, não mais dobra
a violência e a poluição
do que ainda sobra.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Utensílios do ar

Ao faiscar o foco
Sobre a minha cuca
Vai se estender o fogo
E não correrei em fuga

Há escassas verbas
Ao orçamento verbal
E questões adversas
Quando o sol não está vertical

Eu preciso encaixotar
Livros, discos, registros
E outros utensílios do ar
Para mudar de domicílio.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Alguém me dirá quando souber?

Não sei ainda o que me alimenta
Fé?
Paciência?
Alguém me dirá quando souber?

Não sigo dogmas
Nem os meus passos
Em falso, nas poças
Da Avenida Passos.

Não sou jocoso
Em todos os instantes
Também consigo ter o espírito oco
Para não encher o saco dos escrotos e ignorantes.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Náufragos em alvoroço

No horário do almoço
Ou de algo que o valha
Náufragos em alvoroço
Para respirar a alvorada
Chegando aos poucos
E a poucos do campo e da praia

Eu sou do tempo
Em que os canudos
De qualquer estabelecimento
Não tinham cartucho
De papel higiênico
E não ficavam sujos

Diante da ausência
De versos espirituosos
E palavras intensas
Acho que faço o que posso
Apesar da serotonina pequena
E da carne oculta nos ossos.