segunda-feira, 26 de abril de 2010

Em nome da face ímpar

Toda vez que a agonia, no caso minha,
Transforma o atônito em bom
Penso que qualquer ônibus com letreiros em néon
Vai para a província
Em nome da face ímpar
Tanto em quantidade
Quanto em calamidade
Visto meias finas
Para uma maratona
Que, tonta, veio à tona
Feito consciência limpa.

domingo, 25 de abril de 2010

Quase uma arte

Ver o verde me acalma
Apesar do martírio do mar
E da matança da mata
Ainda sei como me acalmar
É quase uma arte

O cinza às vezes cai bem
Depois de muitas cores
Da aquarela de desdém
Pintam algumas dores
Que sempre cabem.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Somente vendo muita miséria

Preciso cometer tantos enganos
Pra saber quanto ganho
Com todas essas perdas

Admito que não sei a idade
De embarcar na realidade
Com todas essas pedras

Somente vendo muita miséria
Desvendo que a vida é séria
Para morrer em cada noite

E na manhã se aclara
O que era uma fábula
Para correr em cada norte.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Estado de estudo

Enquanto respiro
Nada mais ocorre
Apenas um espirro
E o clássico porre

No estrago eu me conserto
Pra ficar desigual igual
A um romanesco desperto
E quieto no meio do caos

Antes que me digam que tudo
Não passa de um paradoxo
Estou em estado de estudo
Do meu próprio periódico.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Entre

Entre o fato e o boato
Prefiro não pagar pra ver
Tampouco o pato

Entre o que sou e o que vou ser
Não há nada além do hiato
Cheio de mim, de você

Entre agora e amanhã
Várias águas vão rolar
Sob as pontes de Amsterdã

Entre aqui e acolá
Mantenho a mente sã
Para descolar e decolar.

domingo, 4 de abril de 2010

De quando as coisas ficam prontas

Entre motos e feriados
Abraçaram-se lodos
E todos os meus lados
Tortos e lidos de novo

Para me adular e me embalar
Massacro uma saudade
Tão diáfana que se anuncia no ar
Sem máscara nem recalque

E rio como o vento
Faz de conta
Que é o próprio tempo
Ciente de quando as coisas ficam prontas.