quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Astral legal

Com o choro árido
Eu cultivo a minha horta
Com o riso ácido
Deixo a agonia morta

Meus amigos me comentam
Que estou com astral legal
Crendo no que eles inventam
Constato que não é aquele caos.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Como se não soubesse antes

A virada de mesa
É a contenção de perdas
Ou a distribuição de dispensas
Para quem pensa em fazer merda

Agora sei quem sou
Como se não soubesse antes
Para onde vou, eu já estou?
Suponho que seja distante

Quiçá eu tenha que dormir
Nem tanto para sonhar
Aprendo de novo sobre mim
Sem o toque do celular.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Com os animais de outra selva

Convivendo com os animais
De outra selva
Eu me sinto com um ânimo a mais
Em conserva

No ano do tigre
Eu me prometo ser livre
E menos triste
Sem o medo em riste

Quando ficar infeliz
Em Conservatória
Que seja enfim
Igual ao túnel que chora.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Quase sempre tarde

Não posso criar confusão
Entre a renúncia da rotina
E a da minha identidade

Há algo mais no meu coração
Do que noites cretinas
Atrás de qualquer vontade

Sou nada sem a noção
Do que era e do que tinha
Reflito quase sempre tarde

Farto de cuspir modificação
Para as pessoas inativas
Preciso fazer já o que me cabe.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Tantos nós

Um rapaz com tal grau de estudo
Não tem o direito de ser estúpido
A ponto de ser seu próprio algoz
A vida já possui tantos nós
Que não precisa me atar e se matar

Caminhando eu penso mais claramente
Nas coisas que me latejam a mente
Como se fossem relógios
Gritando para eu acordar logo
Deste letargo que pode prender e largar.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Em caso de procela

Preciso manter o cuidado
De fechar a janela
Do meu quarto
Em caso de procela
Pra não ensopar os livros
E os papéis subjetivos

Preciso manter a mudança
De rota e de atitude
Derrotas sempre levantam
E não tão-somente punem
Para abrir a porta do domicílio
Na volta do exílio

Preciso me ter maleável
Mas não para me expulsar
Dos meus tentáculos
Do meu móvel lugar
Sei que sou liso
E áspero por capricho.