terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Danos lucrativos

Doses torrenciais
De vinho e chuva
De solidão e verão
Em tardes demais

Ditos de passagem
Por cima, em suma
Num suco da estação
Pra que pouco se estrague

Danos lucrativos
A esta altura
Do campeonato sem campeão
Nem vencidos.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Calculado via intuição

Enfrento com otimismo
Calculado via intuição
Os dias à beira do abismo
Do ano que acaba não
Nem com um atentado

Falo comigo próprio
Em tom perigosamente sério
Para me manter sóbrio
E a par de poucos mistérios
Que já estão dissecados

Mas eu não me acabrunho
Há ao redor resíduos
De tédio desde o primitivo junho
Quando era filme em vez de vídeo
Sob um funcional teatro.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ciente

Ciente de que a minha rota
Não será sempre reta
Não posso deixá-la rota
Pros ratos fazerem festa
Mormente com as migalhas

Ciente de que o meu risco
É indício de vida
Vou descobrindo ritos
Como quem duvida
Afinal, certeza demais falha.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Feito humor

Recuperando meu lado telúrico
Eu me sinto menor
Ficando de novo lúcido
Faminto, louco e melhor

Saboreando o cheiro de estrume
Eu caminho sem pânico
Seguindo o vaga-lume
Não nado de costas no pântano

Precisando parar de roer os dentes
Enquanto movo feito humor os olhos
Eu sonho com um mundo diferente
Sem asco, sacos plásticos e ódio.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

E eu nem pedi pra jogar

Já perdi a conta
Da coleção de projetos
Que eu engaveto

Já perdi a pompa
E qualquer circunstância
Encenar me cansa

Já perdi tanta coisa
Que não mais me causa
Remorso ou trauma

Já perdi pra raposa
E eu nem pedi pra jogar
Só me resta o ar.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Um pouco longe de agora

Eu necessito perder
Para ganhar a sobra
Tenho que não ter
Pra receber algo em troca

Eu sei que não vai ser
Exatamente nesta hora
É bem capaz de acontecer
Um pouco longe de agora

E nem posso me entristecer
Tampouco jogar tudo fora
Como se eu não fosse você
Neste espelho que nos devora.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Do meu novo lugar

Eu quero me alegrar
De forma fácil
Sem precisar alegar
Qualquer cansaço

Não tenho que alugar
Todo o meu tempo
No escopo de me alagar
Em comoventes exemplos

Eu vou me ligar
A fim de matar a saudade
Do meu novo lugar
Sem ermas viagens.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mais do que um merda

Eu não queria
Que todos fossem
Doidos como eu seria
Enquanto falso

Eu tenho sonhos
Guardo moedas
E me proponho
A ser mais do que um merda

Seriamente, luto
Contra o conforto
De ser um puto
Eu me confronto!