Aqui tudo se nubla
Com sóis esparsos
À sorte da lua
Mortes e partos
Não vou ligar agora
Pro que me deixa louco
E totalmente de fora
Ainda é muito pouco
Estou tão tranqüilo
Quanto um coração
De novos centos quilos
E vou em sonho, embora vão,
Como um faminto
De alguma razão.
Compilação randomicamente ordenada dos versos meus ou de Tchellonious ou de Tchello Melo ou de Marciano Macieira ou de algum lugar.
domingo, 31 de agosto de 2008
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Ao que os deuses me dão
Estou cansado
Do próprio cansaço
Preciso cansá-lo
De tanto abraço
Estou acompanhado
Da minha fiel solidão
Que me faz solidário
Ao que os deuses me dão
Não cruzo os braços
Apenas os dedos
Não colo os pedaços
Mas tenho me refeito
Aprecio meu silêncio
No meio do discurso
Quando tusso e penso:
Pra quê isso tudo?
Do próprio cansaço
Preciso cansá-lo
De tanto abraço
Estou acompanhado
Da minha fiel solidão
Que me faz solidário
Ao que os deuses me dão
Não cruzo os braços
Apenas os dedos
Não colo os pedaços
Mas tenho me refeito
Aprecio meu silêncio
No meio do discurso
Quando tusso e penso:
Pra quê isso tudo?
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Impacto empírico
Não alimento mais o temor
De que o destino esteja errado
Ainda sinto o doce tremor
Ao tocar aquele som no rádio
Pela paz de espírito
Abate-se o corpo
No impacto empírico
De respirar de novo
Mas também não espero uma volta
Ao mesmo decrépito ringue
De denúncias que nunca se esgotam
Gastando o que heroicamente resiste
Através de palavras,
Olhares e gestos
Algo nos salva
De um fim indigesto.
De que o destino esteja errado
Ainda sinto o doce tremor
Ao tocar aquele som no rádio
Pela paz de espírito
Abate-se o corpo
No impacto empírico
De respirar de novo
Mas também não espero uma volta
Ao mesmo decrépito ringue
De denúncias que nunca se esgotam
Gastando o que heroicamente resiste
Através de palavras,
Olhares e gestos
Algo nos salva
De um fim indigesto.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Para o advento da primavera
Sóis diversos
Fundam flamas de versos
E fundem a sisudez
Que me definha por imitar vocês
Chuvas estelares
Lavam almas e lares
Engarrafam o percurso
E me embriagam até ficar lúcido
Flores e amores brotam
Aos borbotões de bostas
Que geneticamente se alteram
Para o advento da primavera
Raízes se dilatam
Alçam marquises e calçadas
E me fazem claudicar
Quando não estou no ar.
Fundam flamas de versos
E fundem a sisudez
Que me definha por imitar vocês
Chuvas estelares
Lavam almas e lares
Engarrafam o percurso
E me embriagam até ficar lúcido
Flores e amores brotam
Aos borbotões de bostas
Que geneticamente se alteram
Para o advento da primavera
Raízes se dilatam
Alçam marquises e calçadas
E me fazem claudicar
Quando não estou no ar.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
De qualquer forma, qualquer conteúdo
Não me interessam as normas
E as almas vestidas
Que somente ficam mornas
Mas nunca ardentes de vida
Tremendo menos de frieza
Do cínico sereno do que de pavor
Esperam que algo as aqueça
Mais do que o magro cobertor
De qualquer forma
Qualquer conteúdo
É o que conforta
Nem tanto quanto a nata
Uma pitada de tudo
É melhor do que nada.
E as almas vestidas
Que somente ficam mornas
Mas nunca ardentes de vida
Tremendo menos de frieza
Do cínico sereno do que de pavor
Esperam que algo as aqueça
Mais do que o magro cobertor
De qualquer forma
Qualquer conteúdo
É o que conforta
Nem tanto quanto a nata
Uma pitada de tudo
É melhor do que nada.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Borda bamba
A decisão está tomada
E é irrevogável:
Não decido mais nada
Do que pertence ao tempo hábil
O que não me cabe
Eu despejo na rede e na rua
Antes que acabe
O desejo que continua
O que não mais fica
Em mim eu derramo
Nos rumos sem prumo da rima
Nas melhores casas do ramo
E o que permanece
É apenas a mudança
Dos temas em xeque
Na borda bamba.
E é irrevogável:
Não decido mais nada
Do que pertence ao tempo hábil
O que não me cabe
Eu despejo na rede e na rua
Antes que acabe
O desejo que continua
O que não mais fica
Em mim eu derramo
Nos rumos sem prumo da rima
Nas melhores casas do ramo
E o que permanece
É apenas a mudança
Dos temas em xeque
Na borda bamba.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Um sorriso, um feitiço
Passa um sorriso
Solar
Sozinho
Pelo ar
Feminino
A me filmar
Traz um feitiço
No olhar
Felino
Tenaz
Tinindo
A me fumar.
Solar
Sozinho
Pelo ar
Feminino
A me filmar
Traz um feitiço
No olhar
Felino
Tenaz
Tinindo
A me fumar.
domingo, 10 de agosto de 2008
A hora viva
Não mais contemplo
Por não estar com tempo
Se bem que tento
Tanto quanto um sedento
Mas depois eu retorno
À realidade sem adornos
Sem os contornos
Com que me transtorno
E fico na expectativa
De fincar a hora viva
De fazer saliva
Parecer lascívia.
Por não estar com tempo
Se bem que tento
Tanto quanto um sedento
Mas depois eu retorno
À realidade sem adornos
Sem os contornos
Com que me transtorno
E fico na expectativa
De fincar a hora viva
De fazer saliva
Parecer lascívia.
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Fora onde entro
Eu me percebo fora do enredo
Só agora depois do final falaz
Ao passo que rola a fita, escrevo
E sou passado por quem me faz
Eu me filmo fora do eixo
E me abaixo pra ver se me acho
Se me deixo cair no seu beijo
Facho de luz no marasmo
Eu me observo fora do espelho
Onde entro pra saber quem me vê
Entre a contumácia e o desleixo
Mexo na farsa para que seja você.
Só agora depois do final falaz
Ao passo que rola a fita, escrevo
E sou passado por quem me faz
Eu me filmo fora do eixo
E me abaixo pra ver se me acho
Se me deixo cair no seu beijo
Facho de luz no marasmo
Eu me observo fora do espelho
Onde entro pra saber quem me vê
Entre a contumácia e o desleixo
Mexo na farsa para que seja você.
Refúgio, porto e abrigo
Proclamo-te refúgio
Do meu martírio
Enquanto de mim fujo
Para qualquer paraíso
Que estiver no fluxo
Declaro-te porto
Do meu naufrágio
Enquanto de mim corro
Para qualquer estágio
Que estiver em jogo
Anuncio-te abrigo
Da minha tempestade
Enquanto de mim desligo
Por qualquer personagem
Que estiver comigo.
Do meu martírio
Enquanto de mim fujo
Para qualquer paraíso
Que estiver no fluxo
Declaro-te porto
Do meu naufrágio
Enquanto de mim corro
Para qualquer estágio
Que estiver em jogo
Anuncio-te abrigo
Da minha tempestade
Enquanto de mim desligo
Por qualquer personagem
Que estiver comigo.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Se não agora
Eu fui embora
Crente que voltaria
A qualquer hora
Feito feitiçaria
Sigo em frente
O que não significa
Adiante para sempre
Diante da vida cíclica
O tempo sem queixa passa
Deixando as cinzas
Fechando a cara
De quem sorri ainda
Contudo continuo indo
A despeito da nostalgia
Tudo fica certo e lindo
Se não agora, nalgum dia.
Crente que voltaria
A qualquer hora
Feito feitiçaria
Sigo em frente
O que não significa
Adiante para sempre
Diante da vida cíclica
O tempo sem queixa passa
Deixando as cinzas
Fechando a cara
De quem sorri ainda
Contudo continuo indo
A despeito da nostalgia
Tudo fica certo e lindo
Se não agora, nalgum dia.
domingo, 3 de agosto de 2008
Deve ser
Deve ser coisa boa
O que altera
O que escoa
Do espírito à matéria
O que sei é que só deve
Admito que não ajuda muito
Mas eu me janto leve
E faminto como um minuto
O que sinto eu considero
Que nem um sorriso de criança
No meio das luzes do cemitério
Na ilusão que anima e cansa
Deve ser alguma coisa
O que parece
O que ecoa
Do espaço à parede.
O que altera
O que escoa
Do espírito à matéria
O que sei é que só deve
Admito que não ajuda muito
Mas eu me janto leve
E faminto como um minuto
O que sinto eu considero
Que nem um sorriso de criança
No meio das luzes do cemitério
Na ilusão que anima e cansa
Deve ser alguma coisa
O que parece
O que ecoa
Do espaço à parede.
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