sábado, 29 de novembro de 2008

A novidade do flashinstante

Lamento que alguns espetáculos
Gratuitos não dêem o canhoto
Já têm tantos tentáculos

O significado primoroso
De desodorante
Bem que poderia ser transodorante

As pessoas teleguiadas
Pensam que se acalmam
Fazendo dívidas e compras

Só acumulam sombras
Como se fosse brilhante
A novidade do flashinstante.

domingo, 23 de novembro de 2008

Algum contexto

Não sei se contesto
A mim algum contexto
Desconfio se gosto
Tanto assim do meu gosto

Reconheço o erro
De tentar ganhar no berro
Será que eu posso
Dançar perto do poço?

A mim algum contexto
Tanto assim do meu gosto
De tentar ganhar no berro
E dançar perto do poço

Não sei se contesto
Desconfio se gosto
Reconheço o erro
Será que eu posso?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Pelo que me avisaram

Sábado não é segunda-feira
Para tanto calvário
Cinzeiro não é lixeira
Pelo que me avisaram

No tempo livre
E no de labor
Quero que me ligue
Só pra dizer alô

Gentileza não é praxe
Para evitar demasia
Franqueza não é gafe
Pode até virar poesia

Nas horas boas
E também nas más
Penso na sua boca
De lábios abissais

Coração não é objeto
Para tamanho descuido
Amor não é decreto
Mas determina tudo.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Quites

Eu me dispo
Dos desejos vis
Para mudar o disco
De pegajosos hits

Eu me disponho
A ser menos infeliz
Graças aos sonhos
Plenos em oito bits

Eu me disparo
E por um triz
Não acerto o alvo
Estamos quites

Eu me dispenso
Do que me fiz
Antes que o tempo
Dê os meus palpites.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Do sumo ao sugo

Aquieto meu coração
Contando os dias que destacam
A camisa e a toalha
Do pano de chão

Depois eu me enxugo
Com os mesmos trajes
O tempo aguarda e age
Do sumo ao sugo

Distraio minha mente toda
Pesquisando músicas
Dissipando dúvidas
Para adquirir outras

E eu me indago
Por qualquer ultraje
Meu ou da paisagem
Para ficar mais magro.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eterna barganha

O que você acha
Que lhe falta
É nada perto
Do que tem descoberto

Não reclame pelo que não tem
Agradeça pelo que ganha
Tanto do mal quanto do bem
A vida é uma eterna barganha

Em vez de só querer
O que flui e rui
Admita que você pode ser
Muito mais do que possui.

sábado, 1 de novembro de 2008

O suportável de tolerância

Eu tenho menos lembranças
Do passado recente
Do que da minha infância

Eu não sou diferente
Tampouco igual
Ou tão inteligente

Tento ver através do temporal
Uma casa qualquer
Desde que imune ao telejornal

Mas não ao anjo que tiver
O suportável de tolerância
Para quem sou e para quem é.