sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Espera e precipitação

Para quem pensa
Que a chuva leva
De vez toda a poeira
Da tez das janelas

Apenas água
Sequer lava
Sinônima palavra
Parece coisa precipitada

Às vezes fica de molho
Noutras sugere arrojo
Enquanto não resolvo
Se vou, se jazo ou se volvo.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Segundo as escrituras

Antes que vire depois
Não sonho mais em me perder
Somos além de nós
Para ninguém se prender

À base de pés e asas
Em vez de motor
À prova d' água
Em pleno vôo

Fortuna já madura
Segura o cavalo
Segundo as escrituras
Mais no talento do que no talo

Nunca doerá a quem doar
Um pouco do seu baú
Pois sabe que do ar
Todo tesouro é um.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Prêmio Dardos

Pô, é Zia! foi indicado para o Prêmio Dardos, destinado a blogues que contribuem de forma significativa para o enriquecimento da "cultura virtual".

Agradeço ao Fabricio Fortes pela indicação e divulgo as regras do prêmio:

1. Aceitar exibir a distinta imagem (à esquerda)

2. Lincar o blogue que lhe deu o prêmio.

3. Escolher quinze (15) blogues para entregar o "Prêmio Dardos".

Eis os meus dardejados:

Poliana Paiva http://flordelaranja.blogspot.com

Leandro de Paula http://fogo-de-artificio.blogspot.com/

Caio Carmacho http://noutratez.zip.net/

Beatriz Provasi http://www.numanoitequalquer.blogspot.com/

Telma Scherer http://telmascherer.blogspot.com/

Arthur Bezerra http://absurdosturos.blogspot.com/

Anana Clara http://ananaclara.blogspot.com/

Betina Kopp http://www.becodebb.blogspot.com/

Marcelo Tas http://marcelotas.blog.uol.com.br/

Daniel Murgel http://dmurgel.blogspot.com/

Lorena Poema http://lorena.poema.zip.net/

Bianca Feijó http://biancafeijo.blogspot.com/

Diogo Lyra http://fundodequintalliterario.blogspot.com/

Maria Clara Mazini http://www.o-ultimo-apague-a-luz.blogspot.com

Fabricio Fortes http://notasujas.blogspot.com/

Assaz cedo

Não sei se devo
Pensar muito
Pra inventar medos
E curtos-circuitos

O clima me desanima
Chovo como lá fora
Sonho só por fadiga
Acordo quando é agora

Ainda bem que escrevo
Imune à censura
Mas está assaz cedo
Pra não haver nenhuma.

domingo, 14 de setembro de 2008

Enxames

A minha sorte é que sou alfabetizado
Pra não levar a sério à margem do caos
As coisas que me perpassam o casco
Em enxames de palavras e imagens

Parando pra pensar um pouco mais
Os versos se afunilam
Mas não me amofino
Com a fama das rimas
Tem hora pra tudo
Com a saudade em puro ritmo.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O meu medo por mim mesmo

Quero escolher e colher
O meu medo por mim mesmo
Sem o custo de ser gratuito
Com o ônus de ser dono
Preciso ativar e cultivar
O negócio de ser eu próprio

Inalo a pessoa amada
Em três madrugadas
E aplaco a fuligem
Do incêndio que finge
Apatia a princípio
Tipo fogos de artifício.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Por extenso

O celular é um dos mais populares
Recursos dos solitários
Nos bares, nas vernissages
Depois dos guardanapos
Sórdidos de verdades
Que ainda guardo
Como se fosse alguma vantagem
Continuar calado

Aqui na dois de dezembro
Adulterando o calendário
Entre o Catete e o Flamengo
Escrevo pra não ficar acuado
Pra não explodir de tanto pensamento
De fogo, fuga e afago
Não me abrevio, sou por extenso
Sou todo o abecedário.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Testemunho

Eu quero ir longe
Mas com a garantia
De voltar para onde
O céu se desanuvia

Eu quero ficar perto
Mas com a hipoteca
De tudo dar certo
Até para quem defeca

Por necessidade
De cunho fisiológico
Ou por fétida vaidade
Testemunho amor no meu ódio.