domingo, 30 de setembro de 2007

A coincidência é a prima chula da sincronicidade

Uma poesia é tão séria
Quanto uma brincadeira

Embora faminto
Não como
No sentido
Sólido
Até no limbo
Eu irrompo

Amor tão agudo
Quanto tudo

Mesmo sedento
Não trago
Ainda no relento
Um dia raio
Com uns duzentos
Livros diários.

A vida é tão capciosa
Quanto a medida das horas.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Segunda férrea

Em mudança consigo, às vésperas
Do domingo, do fim das férias
E da minha breve infância

Volto na segunda férrea
Para a nauseabunda guerra
Ou, se preferir, a corrida da grana

Nos bastidores basta uma feira
Farta de supervisores e outras xepas
Chips e chopes também enganam.

domingo, 23 de setembro de 2007

Pachorra

Eu incendiaria
Se me esquentasse a sede
Se me encostassem na parede

Eu regurgitaria
Se não cuspisse no prato
Se não coubesse no espaço

Eu evaporaria
Se me pululassem os nervos
Se pulassem o que escrevo

Eu gotejaria
Se exprimisse via esferográfica
Se imprimisse lágrima

Mas expectoro os grilos
Sei que não adianta
Ficar intranqüilo
Toda hora é santa.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Moro e morro

Remoção bissexta
Dos fantasmas em pó
Com uma vassoura velha
No apartamento da bisavó

Graças à brisa
Da Guanabara
Pela vidraça fina
A vista não se embaça

Na rua da Conceição
Entre o Niterói shopping
E uma filial da Compão
Moro e morro feliz, sem neurose.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

À lei do probo fluxo

Quando não sei
Se tenso ou turvo
Fico à vontade dela
Lufada de primavera

Eu me rendo à lei
Do probo fluxo
E me prendo à flecha
Para o seu coração

Não me julgo rei
Nem senhor absoluto
De tudo em mutação
Sou uma gota e um grão.

Pão, leite e lâmina

Pão integral
Temperado com bolor
Bem que perdurou
Para surpresa geral

Leite desnatado
Com sabor azedo
Nem foi cedo
Ou vencido rápido

Lâmina de barbear
De uso único
Até que tirou por muito
Tempo pêlo do lugar.

domingo, 16 de setembro de 2007

Vaga-lume

Acho que me canso
Do que sou
Quando fico manso

Enquanto estou
Neste plano
Ainda estanque, vou

Às vezes rude
Noutras doce
Bem de saúde

Como se fosse
Um vaga-lume
Entre o dia e a noite.

sábado, 15 de setembro de 2007

Alma e magma

É passada a página
Apesar e por causa
Do mar de mágoa

Prossegue a marcha
Sob manchas e marcas
Anticâimbras e mágicas

Embora amargas
São tão magnas
Quanto as camadas

De alma e de magma
Antes da hora do nada
Que demora uma tonelada.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Algumas algemas

Não é que eu suma
Em algumas algemas
Pra entrar na sua;

Não é que eu tema
Notícias soturnas
Jugulando poemas;

Não é que eu durma
Enquanto me acenam
Insônias ininterruptas;

O nervo do problema
É que, em cada luta,
As palavras me queimam.

domingo, 2 de setembro de 2007

Místico nexo

O afugentamento perene
É um imenso desperdício
Uma pedra e um tiro no pé quente,
Inquieto e adepto do que é difícil

Pela reminiscência vã pesco
De manhã o que foi dito ontem
Contudo em nome do místico nexo
Tudo será mais veloz do que um download.