terça-feira, 6 de março de 2007

Enquanto vivo

Não sei se é preciso chamar o bruxo
Para extinguir certos hábitos
Ou se somente me levo pelo fluxo
A me engarrafar no tráfego

Não sei se a poesia é exata
Comparada com a ciência
Ou se a alegria é chata
Preocupada com a conseqüência

O que sei mesmo
O que digo de camarote
é que sigo a esmo
Amigo da vida e da dita morte

Não sei se os ponteiros dos relógios
Põem nos eixos os nossos tempos
Imersos em climas, códigos
Cheios de cismas e temperamentos

O que sei de fato
O que falo sem ressalvas
é que, enquanto vivo, me mato
No entanto a arte me salva.