sexta-feira, 2 de março de 2007

Alguma cor

Alguma cor


Busco alguma cor
nesta dobrada folha branca
reluto a minha dor
de uma noite tola que sangra
e da boca desce um filete de vinho
que não se esquece do leite sozinho
meus dedos torpes
e meus medos sobre
mim se escondem do frio
das ruas nuas nestes meses
e surge às vezes
um anel perdido no meio-fio
o céu não escolhe
o fim nem o começo
apenas colhe
o processo que não cesso
nem ouso fazê-lo
por zelo aos meus ossos
e a tudo quanto não posso
poder e depor
o que as circunstâncias expõem
o tempo inteiro até depois
que o sol se põe
abandonando o palco
mas nunca o teatro.

Nenhum comentário: